terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lorena, 11 á 16 de novembro de 2009. 16:02


11/03/2009
Acordando fui fazer café e me arrumar para mais um dia de luta.
Chegando postei meu diário e arrumei os documentos da escola para o ano de 2010, aproveitando que a Mônica estava aqui.
Fiz muitas coisas. Depois arrumei o almoço para os alunos e a Mônica deu, enquanto eu alimentava meu Filhote.
Já à tarde dei aula e foi até sossegado, pois a Hérica não pode me cobrir.
Tive que sair cedo do serviço, pois realmente preciso posar no Hospital com a Olga, esta por sua vez não está legal, pois as reações da quimioterapia estão causando feridas pela boca e queda de cabelo. Vou para casa mais cedo para descansar um pouco, pois a noite será longa.
Chegando a casa um pouco antes da chuva, tomei banho enquanto o Filhote fazia tarefa. Depois decidiu tomar banho pois estava encardido.
Após o banho tomamos café e fomos para frente da TV, onde ele ficou assistindo e eu fazendo meu quadro (tapeçaria). Nisto o Alexandre demorou a chegar para irmos ao hospital. Saímos daqui já eram 20h30min da noite e até que cumpramos lanche demorou a beça. Oxi!!!
O Alexandre subiu primeiro no hospital e voltou arrasado com o estado da mãe dele.
Bem...chegou minha vez de subir e fiquei impressionada com a imagem dela. Devido à quimioterapia deu –lhe uma ferida na boca onde lhe deformou o rosto que também estava inchado. Assim começou a noite que iria ser longa...
Ao lado da Olga tinha uma senhora chamada Nadir, que já está em fase terminal, é uma PACIENTE , IMPACIENTE.
Falava o tempo todo, reclamava de dor , falava do seu passado , delirava , reclamava a ausência da filha e do marido.
Todos os pacientes do quarto tinham acompanhantes , menos ela. O porquê não sei...
Disseram –me que duas pessoas haviam visitado ela , mas acabaram discutindo.
Ela era uma paciente bem precária pois um lado do corpo dela é paralisado , não podia se mover de maneira alguma, Dependência total pra tudo.
Seus órgãos estavam em péssimo funcionamento e quando funcionava era uma situação precária.
Mas entre as entrada e saídas das enfermeiras durante á noite ela dormia e variava...assim foi.
A Olga levantava verias vezes para ir ao banheiro e nessas idas urinava sangue no qual a deixou preocupada , mas não dei ênfase à situação para não preocupar –lá mais ainda.
“Teve que tomar plaquetas e a” Mine Enfermeira “(apelido que a Dona Nadir deu a uma enfermeira que realmente era baixinha de mais) quem fez a aplicação”. Uma pessoa admirável.
Durante esse período sem dormir fiquei pensando na vida , e creio que não somos nada, que Deus fez as coisas certas mas queremos á nosso tempo e jeito: mas...fica a pergunta :_ O que realmente vale a pena?
Decidi ouvir musica e às vezes cochilava .
Assim foi a noite...

12/11/2009
Já de manha a Olga pediu para tomar banho e eu fui ajudá-la.
Mas aconteceu um fato muito engraçado.
A Dona Nadir , a “paciente impaciente” ao lado teve uma “crise” de escândalo. Pediu sua bolsa e eu por sua vez entreguei á ela.
Ela começou a procurar algo dentro e pegou uma carteira de cigarros e jamais poderiamos imaginar que lá havia um isqueiro. E não é que tinha!?
Mas eu acabei pegando a carteira de cigarros, pois ela estava tomando medicamento pelo soro.
Ela ficou brava e quis colocar fogo no cobertor.
Chamamos a enfermeira e conseguimos tirar o isqueiro dela.
Ela ficou uma fera.
A Olga começou a dar conselhos a ela, ela ficou mais irritada e ameaçou de jogar a porta soro (ferro pesado) na Olga, dizendo pra que calasse a boca e parar de dar palpite errado e que nós não sabíamos o que ela era capaz.
Mas a Olga ficou irritada respondendo á altura.
Só sei que foi muito engraçado , que no final todos riram da situação.
Mas pareceu-me que a Dona Nadir extravasou o estresse e que acabou caindo em um sono profundo.
Tomamos café e logo o Alexandre me buscou com o colchão casca de ovo , sabonete e a Adriane que iria ficar de acompanhante de dia.
O Alexandre me deixou no ponto de ônibus para retornar a Lorena.
Chegando aqui fui pegar meu filhote em minha mãe. Relatei o fato do hospital, mas parecia que minha mãe ficou enciumada pelo apoio que eu estava á Olga e que não foi dado à mãe dela na época.
Minha mãe mediu esforços para cuidar de minha avó Perdendo a coragem.
Mas minha avó morreu de maneira linda, sossegada , dormindo sem sofrimento , e isso é o que ela mais pediu. Isso é o que difere referente aos pacientes com câncer onde já não tem cura e fica lá até chegar à hora. Mas...
Almoçamos e fomos á feira, pois minha mãe queria comprar CD e eu acabei comprando três vestidos lindos para mim. Preço bom costura bom e estampa maravilhosa, estilo indiano e comprido. Minha cara.!
O Filhote comprou três DVD infantil e três adesivos e pediu para que eu comprasse o vestido, pois ele, pois ele tinha comprado coisas para ele.
Filhote querendo igualdade!
Pegamos táxi de volta e já em casa tomei banho e fomos assistir os dvd´s deitados no colchão na sala, ande tive que dormir, pois eu iria passar a noite no hospital novamente.
Acordando passei aspirador na casa, recolhi e dobrei roupas, lavamos algumas e eu e o Filhote foi à padaria, tomamos café e estou aguardando a hora de ir para o hospital e ver como estão as coisas.
Chegando lá a Dona Nadir estava silenciosa e haviam dado remédio para dor e esse he dava sono.
A Olga estava aparentemente bem. Passou a tarde numa sala de espera no final do corredor do hospital conversando com a filha e o genro Valdinei.
A noite foi pesada, ela se levantava praticamente de meia em meia hora para ir ao banheiro, pois se recusava usar a fralda.
Eu observava que saia gotas de sangue. Ficávamos apreensivos.
Sem contar que tinha que observar os soros pequenos que tomava e vigiar constantemente, pois ao acabar tinha que avisar a enfermeira rapidamente, para que o sangue não subisse pela mangueirinha e assim perdia a veia e ficava difícil de pegar outra.
“““ ““ Nos intervalos li algumas paginas do livro:” Buscai as coisas do Alto (Pe.Léo)”
Fascinante estes trechos:
‘“Quando ficamos presos às pequenas coisas do cotidiano não progredimos na vida.”.
“...não olhar para trás .O passado por melhor ou pior que seja não volta.”
“No mundo das coisas fáceis , criamos pessoas enfraquecidas , sem determinação , sem coragem para lutar , sem garra e sem uma meta na vida.”
Interessante não ?!
Assim foi a noite...

13/11/2009
Já de manha a Olga levantou meio abatida. A sua boca estava bem inchada devido à ferida.
Deu lhe enjôo causando lhe vômito. Até para vomitar ela estava fraca , tive que colocar uma cadeira dentro do banheiro para facilitar. Não conseguiu tomar café.
Sem contar que no vomito saiu umas gotas de sangue.
As enfermeiras resolveram coloca-la em um quarto individual, pois sua imunidade estava zero e o uso da mascara além do calor, incomodava e abafava. Sem se esquecer o calor.
O Alexandre chegou com a Dri, que iria ficar lá de acompanhante durante o dia., e eu ia para o ponto de ônibus e descer em minha mãe.
Conversei com a Silva sobre o estado da Olga e fui pegar meu filhote.
Minha mãe até que estava boa , mas meu pai estava com uma cara feia , de pouca conversa e implicando com o Choro e para ajudar o Choro me entra de baixo da mesa e ao sair deu uma esfolada nas costas.
Aí já começou a chorar criando tumulto , logo chamei um táxi e pelo menos em casa fica melhor sem “incomodar” os outros.
Eu e o Filhote almoçamos e fomos assistir TV deitados no chão da sala.
Nisso aproveitei para dormir pois iria posar no hospital novamente.
Durante o dia o Filhote ao brincar com sua cachorrinha Cléo deu umas chamadas de atenção da cachorra, e ao fazer isso se comportava como se fosse pai dela e ia levar a cachorrinha para aula de caratê.
Vai vendo!!!
Depois a buzina do sorveteiro gritou e encerrou a brincadeira para comprar sorvete de kwui para ele, morango para o pai e limão para mim. Rs.
Sem contar que queria passar pano em cãs para me ajudar. Eita molequinho!!!
Fomos à rua um pouquinho para ele brincar na areia enquanto eu lia o livro do Pe Léo.
Tomamos banho, a Josi veio até em casa e vai trabalhar em meu lugar.
As meninas estão me ajudando muito nesse momento da doença da Olga.
Eu e o Choro fomos dar uma voltinha com a Cléo na pracinha perto de casa.
Mas o senso de proteção do Choro foi maior que decidiu levar a cachorrinha no colo para protegê-la dos outros cachorros maiores de rua.
O engraçado é que o braço dele doía, mas não desistia.
Já de volta tive que lhe dar outro banho para que eu pudesse ir até ao hospital.
O Alexandre ficou meio que irritado com ele, pois ele queria sair de calça jeans me levar até ao hospital, mas tenho comigo que foi por causa do celular que eu levei comigo para dar volta com o Choro e ouvir musica.
Ignorei...
Fomos ao hospital e até que ele me pareceu de bom humor. Sem contar que ia jogar bola no clube.
A noite no hospital foi calma, o sangramento continua e está tomando medicamento para cortar.
Assim foi o dia...

14/11/2009
Já de manha a Olga tomou banho, pois alem de rotina havia urinado na cama. Deu enjôo, mas não vomitou.
Na hora do banho se enrolou ao passar os soros pela manga da blusa.
Mas eu acabei resolvendo...
O Alexandre e a Dri demorou a chegar.
Chegando fomos embora e eu fui a Sumirê comprar produtos para hidratação de cabelos.
Passamos no mercadão para um lanche e lá pensei na Leila e não foi que encontrei exatamente a Leila. FASCINANTE!!!
A mãe dela estava ótima e passeando. A Leila havia mudado o visual e estava com os cabelos lindos.
Conversamos e vamos no adicionar no orkut e MSN.
Nesse momento o Alexandre me questionou.
Respondi com o saco cheio e me controlei para não estourar.
Sendo assim meio emburrado e pra ser sincera naquele momento eu pensei:- “Problema é o dele”! RS.
Cheguei a casa tomei banho e fui deitar para dormir, mas antes tive que arrumar a sunga do Choro, pois ia à piscina do clube com o pai e o Gú.
Deitei liguei o radio deixei bem baixinho e dormi... Que bommmmm!
Mas estava tão calor!!!
Acordei tomei café e fui fazer um tratamento de beleza.
UAU!!! Dei pra mim tratamento de cabelo, unha, rosto, corpo, pé, secador e chapinha. Tratamento intensivo de beleza.
Valeu tudo isso ainda mais com direito a som para animar...
As crianças foram ao hospital ver a Vó.
Eles ficaram contentes, pois entrar no hospital onde não se podia entrar ainda por causa da idade e usar máscara... ah! Para eles foi o máximo.
O Filhote nessa mudança de rotina se esbalda! Brinca e fica o tempo todo com o primo que pra ele é o melhor amigo.
Ah! Quase não gosta não!?
Marcamos pra ir até ao clube pra se distrair.
Confesso que eu fiquei meio apreensiva...
O Alexandre praticamente não sai de lá, ainda por cima que segundo ele encontrou na sexta a turma dele todinha no clube.
Enfim ele ama tudo aquilo...
Eita vida viu! Mas como disse o Pe. Léo no livro:
“__ NÃO OLHE PARA TRAS”
Então vamos lá... avante!Rs
O Chorinho cortou o cabelo e ta um gatinho.
O Alexandre demorou a chegar e saímos tarde para ir ao clube. Ligamos para a Dri pra ir com a gente e levar o Gú.
Coloquei roupa básica, jeans e topo, mas tava calor e acabei indo de vestido e rasteirinha. Coisa de mulher.
E lá fomos nós.
O Tempo estava bonito e gostoso, propicio para um Malzibier. E foi isso mesmo que eu fiz e ainda por cima acompanhado de pizza. Hummmm
O Alexandre, o Choro e o Gú ficaram no parquinho, enquanto eu a Dri fico falando sobre a doença da Olga. Na realidade a Dri quis desabafar.
Eu sei exatamente o que ela estava sentindo, pois eu já passei por isso antes.
Havia um som legal com musicas dos anos 80. Minha vontade era de ficar ali e me acabar de tanto dançar.
Mas as crianças estavam com sono e fomos pra casa.
Chegando lá nos restou caminha e sono...
Assim se foi...

15/11/2009
Hoje acordamos descansados. O Alexandre foi à missa, eu e o Choro ficamos em casa.
Eu dei uma geral na casa, enquanto o Choro ficou vendo TV.
Fiz almoço e deixei tudo preparado.
O Alexandre chegou aos arrumamos e fomos para piscina enquanto o Alexandre jogava bola.
Eu ficava tomando sol e às vezes na piscina com o Choro.
Uma amiga do Alexandre estava lá e ficamos conversando sobre relacionamento. “““ Na verdade queria saber sobre meu” casamento”.Apenas fui sincera e satisfiz sua curiosidade. Assim foi...
Ela se foi e eu fiquei com o Choro.
O Alexandre apareceu após o jogo, falou um oi e FOI FICAR COM OS AMIGOS.
Vou te contar!!! Eu fiquei ali sozinha.
Ali fiquei por um bom tempo.
Fiquei pensando na vida, no que é felicidade, se aquela paz e sossego esticada ao sol numa espreguiçadeira era felicidade.
É... Naquele momento eu estava sossegada, mas não sei se feliz. RS.
Falta uma pessoa que faz de minha companhia algo necessário.... mas deixa pra lá.
Ficamos mais um pouco e fomos pra casa enquanto a turma ficou.
Já em casa tomamos banho e fomos à sorveteria, almoçamos e eu fui dormir, pois voltei ao hospital.
Já aqui no hospital a situação da Olga estava critica. Infecção de urina, sangramento, perturbação na memória, cansaço, corpo com manchas, muito vômitos e por aí vai...
É muito triste acompanhar isso, chegava a pedir a Deus pra aliviar com a morte. Sem contar que ela recebeu uma visita de uma pessoa que é filha da ex amante4 de seu marido. Achei isso estranho. Para quê? Por quê?
A Olga me contou e me disse que não tinha raiva dela, mas que da mãe dessa pessoa sim, que na época era sua melhor amiga.
À noite esta sendo longa. Teve que tomar sangue e plaquetas, urina que não pára.
Assim se foi....

16/11/2009
Já de manha o Alexandre e a Dri chegaram e eu pude embora.
O Alexandre está péssimo, triste desanimado, não conseguindo reagir.
Está aborrecido pela mãe e o emprego. Mas não reage...
Passei em minha mãe, peguei o choro e fomos embora á pé, num sol daqueles.
O Choro veio falando que ao chegar a casa iria montar a arvor e de natal. E não é que montou.
Ficou bastante torta, RS! Mas ele ficou muito feliz e orgulhoso com o resultado por ter feito tudo sozinho. RS
Enquanto isso eu dormi e acordei animada. Limpando a cãs inteira, tanto dentro como fora. Agora tudo limpo e cheiroso.
O Choro me ajudou encerando a casa pra mim e brincando com a cachorrinha no quintal.
Fiz tanto serviço!
O Alexandre chegou até que um pouquinho animado.
Foi ao mercado com o Choro e trouxe pizza; e sendo assim não fiz macarronada para janta.
Ficamos conversando e ele disse que o câncer dele poderia voltar. E parece-me que está esperando a morte chegar para acabar com os problemas no qual não consegue enfrentar.
Isso me deixou triste, chego a ficar com medo, tendo que passar por isso de novo. Lutar, lutar e sozinha de novo... me assusta.
È minha vida parece ser difícil com quase nada de felicidade duradoura.
É uma vida muito desequilibrada entra a felicidade e a tristeza. O engraçado que isso foi quando decidi casar-me com ele. Sempre foi de luta somada a muita garra.
O pior que não sei se me anima ou desanima, é que vai ser sempre solitário.
Assim acabou o dia...

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